domingo, 8 de janeiro de 2012

Dorian Gray

E aí? Vamos começar o ano?
Mesmo sem data certa para o Clubinho, podemos começar os trabalhos?
Esquentando os tamborins - longe ou perto deles - tirei ontem da estante o " Retrato de Dorian Gray".


 A minha edição é de 1989 da Francisco Alves, com tradução de José Eduardo Ribeiro Moretzsohn (Juliana, é parente de vocês?), me parece uma edição tipo "pocket", se alguém tiver outra dica de edição mais recomendada me fale, por enquanto vou com esta mesmo.


Na orelha desta edição consta que, após receber críticas iradas e admiráveis, OW resolveu publicar o texto em livro, que primeiro havia saído no Lippincott´s Magazine em 1890 numa versão curta, acrescentando-lhe alguns capítulos e um prefácio.


 É sobre este prefácio que queria comentar.


Não sei se devo copiar e colar aqui, mas é sensacional! Tenho medo de estragar a surpresa.


É um texto? Uma coletânea de aforismos? 


Lá pelas tantas ele manda: "É o espectador e não a vida, que a arte, na verdade, espelha." Lá vem o espelho, pelo qual aqui chegamos através do Kundera.

Fui para o primeiro parágrafo, que sempre me intriga, por imaginar como o autor escolheu começar, e este começa assim:


" O ateliê estava repleto do odor substancioso das rosas, e quando a brisa de verão agitou-se por entre as árvores do jardim, entrou, pela porta aberta, o aroma acentuado do lilás, ou o perfume mais delicado do pilriteiro rosáceo. " 


Quase Jane Austen...


Alguém sabe o que é um Pilriteiro? 
Fui buscar no Google. Os itálicos são meus.





Retirado de: augustomota.mulitply

Nome científico:
Crataegus monogyna Jacq.
Crataegus oxyacantha L.

Nomes comuns:
Abronceiro; Branca-espinha; Cambrulheiro; Escambrulheiro; Espinha-branca; Cambroeira; Combroeiro; Escalheiro; Escrambrulheiro; Espinha-branca; Espinheiro-alvar; Espinheiro-branco; Espinheiro-ordinário; Estrapoeiro; Estrepeiro; Pilriteiro; Pirliteiro; Pilrito (fruto); Pilrete (fruto)

É uma planta celebrada por poetas e romancistas sob os mais diversos nomes. Estes arbustos, que podem atingir uma idade de 500 anos, são ainda, apesar dos seus espinhos e da dureza da sua madeira, o símbolo da delicadeza e da mais subtil beleza.

Era da sua madeira, dura como o ferro, que outrora se faziam os cepos para os suplícios. 


Os seus frutos – os pilritos - foram alimento para os homens da Pré-História, como o comprovam os vestígios de caroços encontrados nas ruínas de cidades lacustres. Recentemente, médicos americanos puseram em evidência a sua poderosa acção cardíaca. Este género botânico possui várias espécies, todas próprias das regiões temperadas, que apresentam um lenho muito duro e são de crescimento lento. 

O PILRITEIRO encontra-se por toda a Europa, quer em moitas, quer na orla dos bosques, até mesmo em encostas declivosas; este arbusto também é usado para fazer sebes, dado que suporta bem a poda, sendo muito decorativo quando em floração ou frutificação, com os seus característicos pilritos. Dão alimento e são lugar de refúgio para numerosos insectos e aves, pelo que é de toda a conveniência proteger esta espécie no seu habitat natural, ou usá-la em parques públicos e, até, nos nossos jardins particulares.
Para o seu cultivo devem semear-se as sementes maduras ao ar livre, no fim do Inverno, ou início da Primavera, ou plantar os arbustos pequenos desde o Outono até ao começo da Primavera. Para fazer uma sebe, plantar os arbustos espaçados 30 ou 40 cm. A poda deverá ser feita entre o Verão e a Primavera. 
Como a madeira é rija e compacta é boa para cabos de ferramentas e alfaias agrícolas, sendo o carvão de pilriteiro de muito boa qualidade. 

*
Do livro de Zélia Sakai, «Guia Ecológico das PLANTAS AROMÁTICAS E MEDICINAIS», edição Círculo de Leitores, 2000, transcrevo na íntegra, com os devidos agradecimentos, o seu texto sobre o PILRITEIRO, por integrar diversas vertentes acerca desta espécie botânica (pp. 98 e 99):

“O pilriteiro é um arbusto espinhoso tanto mais belo quanto mais avançada for a sua idade.



Floresce geralmente no mês de Maio. As minúsculas flores brancas são formadas por 5 pétalas. Os frutos, de um vermelho vivo, adquirem a maturação no final do Outono.


 Distinguem-se duas fases de maturação dos frutos. A primeira pelo Verão de São Martinho. O suave calor do Verão tardio vai-lhes acentuando a cor vermelho-viva.


 A segunda fase dá-se em Dezembro e é considerada a maturidade doce. Na verdade os frutos são muito saborosos. A sua cor vermelho-viva alcança então a plenitude com a influência benéfica da lua cheia, que incide com maior intensidade sobre a Terra nesta época do ano. O seu valor nutritivo e curativo atinge, nesta fase, os níveis mais elevados, como se pode confirmar pelo aumento de vitalidade e do efeito cardiotónico.

Sabe-se que o espinheiro-alvar é apreciado desde a Antiguidade. Foram encontrados caroços de pilriteiro conjuntamente com utensílios feitos de madeira dos seus fortes caules, em grutas habitadas pelos povos primitivos. Diz-se que Pitágoras, filósofo grego do séc. VI a.C., louvava os seus efeitos benéficos sobre as fraquezas do coração causadas pelas doenças de sangue ou por ardentes paixões. Nos estudos hipocráticos aparecem referências aos efeitos preventivos e curativos desta planta contra várias doenças, nomeadamente as relacionadas com o sistema circulatório.











Do blog: consciência do dia-a-dia:

Adorei uma frase que conheci há alguns anos através de um grande psiquiatra de Campinas, Pedro Amparo, quando ele me convencia que não deveríamos nos martirizar por ficarmos exigindo dos outros aquilo que eles não podem nos oferecer. Com sotaque bem português a frase dizia assim:Cada qual dá o que tem conforme a sua pessoa.

Anos depois aprendi com uma senhora portuguesa que na verdade essa frase é parte de uma quadra popular bastante conhecida em Portugal:

Pilriteiro, dás pilritos
Porque não dás coisa boa?
Cada qual dá o que tem
Conforme a sua pessoa.

Em Portugal há também um ditado muito popular que diz a mesma coisa:

Pilriteiro dá pilritos, a mais não é obrigado.


Que início de viagem, hein? 

Ok Mr. Wilde, acho que começamos a concordar com o senhor quando nos diz no Prefácio:

"Não existe isto de livros morais ou imorais. Livros são coisas bem escritas ou mal escritas E só."


Estou até com um pouco de taquicardia, acho que vou fazer um chá de Pilrito para mim.


3 comentários:

Clubinhoexlibrus.blogspot.com disse...

O meu "Retrato" também já saiu da estante e a minha edição, amarelecida, é do Círculo do Livro, de 1975. Não fui além do prefácio, mas logo mergulharei em Mr. Wilde.
" Na realidade, a arte reflete o espectador e não a vida.
A divergência de opiniões sobre uma obra de arte indica que a obra é nova, complexa e vital."
Como veremos logo...

Martha Estima Scodro disse...

Quem é você.

Terezinha Azzi disse...

Como lhe falei, Traças e cupins, sou seguidora, mas para postar tem sido complicado. Estou até surpresa que o comentário tenha entrado... sem identificação. Bjs